domingo, 24 de agosto de 2008

Biorespiradores

Muito antes de ele nascer já se falava em biorespiradores. Eles seriam a salvação do mundo, a preocupação com a poluição no planeta Terra estaria acabada. Esses acessórios que um dia foram ridículos e desengonçados evoluíram muito com o passar dos anos fazendo com que o “processo-filtro” de um tipo de algas fosse muito acelerado. Ninguém nuca imaginou que eles viriam a ser o motivo da imigração terrestre.


Carlos mal acordava e já retirava o seu respirador - ele odiava ter que dormir com aquilo – logo depois tomava seu café da manhã. Já ia saindo para a escola mas sua mãe o impediu.

- Você não vai à escola hoje, iremos viajar.

- Para onde?

Então seu pai chega com muitas bagagens.

- Pegue o que você acha importante e seja rápido!

Carlos foi para seu quarto e amontoou suas quinquilharias dentro de uma mochila. Retornando à cozinha viu que sua irmã também já estava pronta e uma coisa muito estranha: um tubo alto fumaceando no canto da sala. Como seus pais eram cientistas conceituados, ele não estranhou muito o objeto.


Logo que começaram a viajar Carlos notou que havia algo errado: muitas pessoas ao celular parecendo muito assustadas.

- O que está acontecendo pai?

- As algas filho. As fontes se esgotaram. Eu bem que avisei! Se não tivessem se esquecido de cuidar do ar, acreditando tanto nos seus “respiradores milagrosos”, o uso deles não seria essencial à vida! Hoje vazou a notícia de que as algas estão acabando e estão todos atrás dos seus biorespiradores!

- E para onde vamos?

- Para longe deste caos.

Após algumas horas eles chegaram a um centro de estudo colossal onde vários cientistas começaram a equipar Carlos e seus familiares. Durante o processo, Carlos ouviu seu pai discutindo com um outro cientista.

- Eu ainda não completei os testes! – falou seu pai.

- Mas nós já fizemos todos os experimentos possíveis! E, além do mais, foi você quem resolveu fugir!

- Mas eu não pensava que íamos tão longe e nem por tanto tempo! Turismo é uma coisa, mas viver lá! É totalmente diferente!

Então Carlos foi levado para dentro de um veículo muito estranho que parecia apontar para o alto. Antes que partissem, foram equipados com um tipo de respirador novo, ainda desconhecido por Carlos. Ele tentou falar com seu pai, mas antes que sua boca se abrisse sua voz saiu.

- Para onde vamos? – disse assustado

Seu pai apenas olhou com uma expressão apreensiva antes que eles fossem separados.

Eles ficaram um dia no veículo, que era muito confortável e espaçoso. Quando chegaram, Carlos notou que o chão era muito vermelho e, só então, notou estar em Marte. Ele já tinha visitado este planeta. Lá haviam cápsulas enormes onde se concentrava um pouco do oxigênio terrestre e estranhou muito terem pousado fora delas.

Os cientistas o obrigaram a sair mesmo com sua relutância, ele sabia muito bem o que acontecia com quem se atrevia a sair das cápsulas e estranhou muito não ter morrido. Logo depois dele veio seu pai, mas havia algo errado: ele não respirava tão bem, parecia estar asfixiando. Carlos foi rapidamente retirado do local junto com sua mãe e sua irmã.



Ele nunca mais viu seu pai, nunca mais voltou à Terra, nunca mais tirou o respirador e correu pelo resto de sua vida atrás dos que garantiram ao seu pai segurança.

segunda-feira, 5 de maio de 2008

Reforma na Vizinhança

Traduzi um texto, o qual eu descobri na revista Superinteressante onde havia um comentário sobre e tava muito afim de ler. E como eu tenho tempo de sobra...
Então pensei "o que eu vou faze com isso depois?" Postar no blog é claro!
Este conto foi escrito por Arthur Clarke que, pesquisando, descobri ser um grande escritor futurista. Ele escreveu para a Nature que, pesquisando, descobri ser uma grande revista.
O conto também está na seleção de contos da Nature "Futures from Nature" que traz 100 contos futuristas (Pelo menos é o que diz a capa).
Desculpem-me o meu inglês que é péssimo mas eu fiz o que pude e
Divirtam-se!


A morte de um sistema estrelar próximo vem como um alívio – e um alerta.

Finalmente, depois de feito o processo de informação que usou nossos recursos ao máximo, nós resolvemos o demorado mistério da Double Nova. Mesmo agora, nós interpretamos apenas uma pequena parte das mensagens de radio e ótica dessa cultura que pareceu tão espetacular, mas os principais fatos sobre o que eles foram parecem incontestáveis.

Nossos ex-vizinhos, diga-se de passagem, pareciam-se muito com nosso próprio planeta, tinham uma distância parecida do sol e a água era normalmente liquida. Depois de um longo período de barbarismo, eles começaram a desenvolver tecnologias usando facilmente os materiais disponíveis e fontes de energia. As primeiras máquinas deles – parecidas com as nossas – dependem de reações químicas envolvendo os elementos hidrogênio, carbono e oxigênio.

Inevitavelmente, eles construíram veículos para moverem-se na terra e no mar, tanto dentro da atmosfera quanto no espaço. Depois da descoberta da eletricidade eles rapidamente desenvolveram sistemas de telecomunicação, incluindo radio transmissores, estes os quais foram o primeiro a nos alertar sobre a existência deles. Embora as imagens móveis que eles proporcionaram revelem sua aparência e seus comportamentos, a maioria do nosso conhecimento sobre a história deles e o seu eventual destino vieram dos complexos símbolos que eles usavam para gravar informações.

Pouco antes do fim, eles enfrentaram uma crise de energia, em parte desencadeada por seu enorme tamanho físico e sua atividade violenta. Por algum tempo, o uso comum da fissão de urânio e da fusão de hidrogênio adiaram o inevitável. Então, para suprirem suas necessidades, eles fizeram tentativas desesperadas para encontrar alternativas superiores. Depois de várias tentativas, envolvendo reações nucleares de baixa temperatura de interesse científico, mas sem valor prático, eles foram bem sucedidos explorando a flutuação do quantum que ocorreu pelos muitos fundamentos do espaço-tempo que lhes deu acesso a uma fonte de energia praticamente infinita.

O que aconteceu depois ainda é motivo de contravenções. Pode ter sido um acidente industrial, ou uma tentativa feita por uma de suas muitas organizações para ganhar vantagem sobre outra. Enfim, em algum momento, por usarem mal as últimas forças do universo, eles desencadearam um cataclismo que detonou seu próprio planeta – e, pouquíssimo depois, sua única grande lua.

Embora a aniquilação de toda a existência inteligente deva ser lamentável, é impossível sentir muito pesar neste caso em particular. A história dessas criaturas enormes contém incontáveis episódios de violência, contra sua própria espécie e numerosas outras que ocupavam este planeta. Se eles conseguiram fazer a transição necessária – como nós fizemos, tempos atrás – da consciência baseada no carbono para o germânio, é um assunto para muito debate. É impressionante como eles tinham habilidade para suportar transmissões de dados maciços com uma deplorável lentidão – muitas vezes por pequenas vibrações de curto alcance em sua atmosfera!

Eles aparentemente estavam à beira de desenvolver a tecnologia necessária para abandonar seus desajeitados corpos químicos e alcançar a múltipla-conectividade. Se tivessem conseguido seriam um serio problema para toda a civilização do nosso Cluster Local.

Cuidaremos para que isto não ocorra nunca mais.

sábado, 19 de janeiro de 2008

Capítulo 4 - A Viagem


Eles me despertam, transfiguram seus rostos com uma espécie de creme e usam lentes nos olhos. Fazem o mesmo comigo e, então, saímos do veículo.

Saio em um lugar colossal de onde as pessoas entram e saem muito rápido. Sou puxado por um dos ditos “revolucionários” até um dos detectores por onde todos passam.

-Use isto – diz o homem injetando uma espécie de plástico dentro da minha pele.

-Isto dói!

-É melhor usar... – então me empurra e eu passo aos tropeços pelo detector.

Já lá dentro, eles me levam a um canto deserto e vão conversar um pouco distantes de mim. Voltam e me dizem o que pretendem fazer.

-Bem... – diz o rapaz – Minha irmã acha que devemos ficar com você já que você é contra o que estão fazendo no governo, não é!?

Zelando pela minha vida eu digo que sim, mesmo não sabendo de que governo estávamos falando. Será que estamos entre alienígenas? E em Saturno!

Decido que vou apoiar sei-lá-o-que-fosse por eles terem me concedido “abrigo”, mas continuo não confiando muito no rapaz.

Nós entramos em um meio de transporte coletivo muito grande e sentamos em uma cabine privada, por sinal muito confortável. A minha frente vejo, novamente, vários painéis muito luminosos, alguns muito parecidos com os do “carro” onde fui pego. Noto os outros dois retirando a máscara feita com o creme e a pela qual respiramos e faço o mesmo. Agora eu consigo ver claramente o rosto da mulher. Ela tem os olhos azuis, pele muito clara (como todo o resto das pessoas que eu vi até agora), tem aproximadamente a mesma idade do irmão, talvez um pouco mais nova e uma face delicada. Então me vem uma pergunta á cabeça.

-Por que vocês não usaram esse tipo de “máscara” quando me libertaram dos policiais?

-Será por que fomos pegos de surpresa?! – diz ironicamente a mulher – estávamos apenas de passagem pelo deserto e vimos dois policiais te interrompendo, então decidimos te ajudar.

-Nós temos sempre que estar mudando de esconderijo para não sermos pegos – o rapaz puxa algo de uma bolsa - apesar de termos nossas defesas.

Ela me entrega uma espécie de arma, muito pequena comparada as que eu conheço e me da uma pequena explicação de como usa-la.

-Para onde vamos?

-Uma colônia no ocidente-sul de Marte.

Me assusto ainda com a idéia de estar sendo transportado através de planetas mas me sinto mais tranquilo...

-Quais os seus nomes mesmo?

-Prazer, Ivi.

-E Mateos.